As vacinas para o HIV são objecto de estudo em 23 países por cientistas que trabalham em equipas interdisciplinares e recebem investimentos nacionais e internacionais para as suas pesquisas.
Vacinas Preventivas
- Como a própria palavra indica é uma vacina de prevenção isto é, protege as pessoas de serem infectadas pelo HIV (como as vacinas da gripe, sarampo, varicela, etc).
Desde 1985, muitas potenciais vacinas preventivas foram experimentadas. Algumas delas mostraram eficácia no início, mas depois falharam.
Em Julho deste ano, os planos para a realização de um teste amplo em seres humanos de uma promissora vacina contra o HIV criada nos Estados Unidos (desenvolvida pela Merck, e a agência do médico Anthony S. Fauci, director do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas) foram cancelados porque os cientistas perceberam que não tinham conhecimento suficiente a respeito de como as vacinas anti-HIV e o sistema imunológico interagem: Em primeiro lugar porque o vírus HIV tem evoluído de formas variáveis dentro do sistema imunológico (mutações), e esconde-se nas suas partes essenciais ou bolsos internos ( dito de uma forma simples); em segundo lugar porque a variabilidade potencial do material genético do HIV é enorme, embora a sua origem não seja totalmente compreendida.
Além do seu nível muito elevado de variabilidade, o HIV desenvolveu várias outras estratégias para fugir à resposta do sistema imunológico, tornando difícil conceber uma vacina eficaz. Essa complexidade significa que é muito difícil de obter uma resposta imune que proteja a população humana contra as diversas variantes do HIV.
O HIV é o vírus mais complexo e o mais estudado mas menos conhecido de todos os vírus, por isso a necessidade urgente de uma diversidade de abordagens para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV.
Recentes avanços laboratoriais, permitem aos cientistas examinar centenas de genes simultaneamente, oferecendo uma promessa imensa no sentido de nos ajudar a entender como podem ser criadas vacinas potenciais contra o HIV que sejam capazes de proporcionar uma protecção imunológica duradoura. No entanto, sabe-se agora que a protecção contra o HIV é possível em condições naturais. E é aqui que entra a vacina terapêutica.
Vacinas Terapêuticas
- É uma vacina para quem já é portador de HIV e cuja finalidade é impedir o seu desenvolvimento e assim evitar a doença- Sida. É uma nova modalidade de tratamento cujo objectivo é estimular as defesas imunitárias do indivíduo para que este fabrique mais células que destruam o HIV. Pode-se dizer que é uma vacina anti-Sida.
Os investigadores aperceberam-se que alguns indivíduos podem ser expostos ao HIV e não serem infectados. Transportam raras mutações genéticas em proteínas que são indispensáveis para a entrada do HIV nas células ( o caso das prostitutas filipinas).
Outros, cerca de 0,2 por cento da população apresentam indícios de imunidade específica adquirida pelo HIV. As células CD8+ deste grupo continuam sempre a destruir as células CD4+ infectadas, mantendo o VIH em quantidades mínimas — menos de 50 vírus por mililitro de sangue, indetectável pelas análises normais. Nesta população a actividade dos CD8+ é muito maior do que na maioria das pessoas. Estas células, ao reconhecerem os CD4+ infectados, tocam neles e injectam-lhes grânulos com enzimas capazes de provocar a auto-destruição das células infectadas.
Segundo a imunologista Ana Espada de Sousa do Instituto de Medicina Molecular, a diferença tem que ver com a “qualidade dessa capacidade de destruição”.
Os anti-retrovirais que na maioria dos pacientes conseguem reduzir o VIH, não são capazes de debelar completamente a infecção. O vírus mantém-se adormecido em certas células, e pode voltar a multiplicar-se obrigando os doentes a tomarem os medicamentos para o resto da vida. Perceber o funcionamento destes CD8+ pode abrir portas no futuro, para se conseguir controlar a doença.
Compreender exactamente a forma como essa imunidade protectora surge e é mantida nesses indivíduos e estender o que a Mãe natureza lhes confere, é o caminho que os cientistas estão a fazer para encontrarem uma vacina terapêutica.
Se tudo der certo, a manipulação genética humana será a porta grande para remover o peso da terapia medicamentosa e prevenir a infecção pelo HIV de evoluir para a doença.
A Nobel da Medicina de 2008, Françoise Barré-Sinoussim, estima que em quatro ou cinco anos haja uma vacina terapêutica para o VIH/sida. ( ver Notícia)
Em 12 de Fevereiro de 2003, Michel Kazatchkine, responsável da agência francesa de investigação sobre a sida declarou na décima conferência internacional de retrovírus em Boston-EUA"Uma vacina terapêutica contra a sida poderá estar disponível "dentro de três a cinco anos".
Agora adiantam mais 5 anos...só ver para acreditar.
Mesmo com todo o avanço científico em prol de vacinas contra o vírus HIV, a luta contra o vírus do preconceito continua.
A SIDA, para além de um vírus, demonstrou e vem demonstrando o quanto a questão é social e o quanto há de ignorância que reforça ainda mais a SIDA como uma patologia política e social.